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Luiz Gustavo Nonato: a ciência de dados no combate à violência

Crédito: IEA/USP

A matemática tem múltiplas utilidades práticas no dia a dia e a ciência de dados vem mostrando sua aplicabilidade na elaboração de políticas públicas eficazes. Este é um dos objetos de pesquisa de Luiz Gustavo Nonato, coordenador de um projeto que visa identificar padrões de crimes e criar ferramentas que permitam prever novos casos no futuro. O professor do Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da Universidade de São Paulo (USP) participará do 33º Colóquio Brasileiro de Matemática como palestrante.

Realizado tradicionalmente a cada dois anos desde 1957, o Colóquio Brasileiro de Matemática se prepara para a primeira edição virtual, por conta da pandemia da Covid-19. O encontro é a mais abrangente reunião científica da comunidade matemática brasileira, contando com a participação de alunos da graduação e pós-graduação, além de grandes nomes da pesquisa no Brasil e no mundo. As inscrições estão abertas e o evento acontece entre 2 e 6 de agosto, com transmissão no YouTube e Zoom.

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Nonato apresentará, na próxima quarta-feira (04), às 13h, a palestra de divulgação “Inteligência de Dados para Segurança Pública”. Ele vai demonstrar que inúmeros fatores, como condições de trânsito e climáticas, densidade populacional e condições socioeconômicas, influenciam no número de ocorrências criminais e como a análise dessas informações pode auxiliar na construção de políticas públicas mais eficientes. Nesta entrevista, o pesquisador fala sobre sua trajetória acadêmica, seu objeto de pesquisa e sobre a importância de congressos como o Colóquio para difundir conhecimento sobre a matemática.

IMPA: No Colóquio, você fará uma palestra sobre Inteligência de Dados para Segurança Pública, tema que também é um dos seus projetos de pesquisa. Como a ciência pode ajudar na elaboração de políticas públicas de combate à criminalidade?

Luiz Gustavo Nonato: Hoje em dia, no mundo todo, as políticas públicas têm se guiado por evidências. Nesse contexto, a área de ciência de dados tem um papel fundamental para detectar padrões, identificar correlações entre variáveis e permitir a criação de políticas públicas com base nos dados e nas evidências que se tem a partir desses dados. É isso que a gente tem feito na área da criminalidade, principalmente em São Carlos, no interior de São Paulo, e também na capital. O projeto busca entender a relação entre variáveis externas e crime no intuito de tentar propor intervenções nessas variáveis, por exemplo, a construção de algum tipo de infraestrutura urbana ou a modificação da malha viária que têm um impacto na criminalidade.

IMPA: Por que você escolheu a matemática?

LGN: Minha inspiração veio de um professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-Rio). Quando eu estava cursando o último ano do colégio, assisti uma palestra do Aristides Barreto sobre a matemática, principalmente sobre a matemática aplicada, o que me motivou bastante a seguir por esse caminho. Cheguei a prestar vestibular para computação, mas com a influência do professor, acabei optando por cursar matemática. 

IMPA: Como foi a sua experiência ao longo desses anos como pesquisador e professor, principalmente na área de ciência de dados?

LGN: Eu comecei a trabalhar na área de computação gráfica e a minha tese de doutorado foi sobre computação gráfica e processamento geométrico. Mas com o passar dos anos, principalmente quando eu fui fazer um estágio na Universidade de Nova York, eu acabei me deparando com a área de ciência de dados que ainda era praticamente desconhecida no Brasil e estava começando por lá. Na época, eles estavam criando o Center for Data Science que foi onde eu acabei trabalhando como professor visitante. Foi muito bom ter contato com essa área que estava nascendo e com os currículos que eles estavam construindo. Acabei me interessando muito pelos problemas que essa área trazia e decidi migrar da área de visualização e computação gráfica para a ciência de dados. Hoje, o que eu trabalho é basicamente uma mistura de visualização com ciência de dados.

IMPA: A sua palestra no Colóquio Brasileiro de Matemática será online, assim como as demais atividades do congresso. Quais têm sido os desafios e as vantagens de realizar eventos do tipo de forma virtual?

LGN: Eu acho que a principal desvantagem de um congresso online é a falta de relação humana. A gente não tem mais o contato com as pessoas e essa interação pessoal é muito útil, até mesmo para firmar parcerias. Mas esse tipo de evento também tem uma vantagem muito grande, já que permite que mais pessoas tenham acesso à informação, possam acompanhar as palestras e possam entender o que está acontecendo na área em que o congresso se encaixa. No caso do Colóquio Brasileiro de Matemática, muita gente vai participar de forma online, então isso acaba trazendo muito mais visibilidade para o tema e abrindo caminho para a participação de pessoas que não poderiam acompanhar. E eu acho que, no futuro, os congressos não vão ter mais o formato que tinham anteriormente, totalmente físico, onde somente as pessoas que tinham condições de se deslocar podiam participar. A tendência é que os eventos passem a ser realizados em formato híbrido, com atividades online e também com a possibilidade dessa interação presencial.

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