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Profissões ligadas à matemática equivalem a 4,6% do PIB

Uma pesquisa inédita realizada pelo Itaú Social, com apoio do IMPA, revela que os rendimentos dos profissionais que atuam em áreas ligadas à matemática corresponderam a 4,6% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, entre os anos de 2012 e 2023. O estudo “Contribuição da Matemática para a economia brasileira”, divulgado nesta terça-feira (20), mostra ainda que o grupo representa 7,4% dos trabalhadores do Brasil – uma participação pequena comparada aos países europeus. Na França, uma pesquisa do Centro Nacional de Pesquisa Científica mostra que o grupo de profissionais ligados à matemática soma 10% dos trabalhadores e representa 18% do PIB do país, conforme estudo divulgado. Para Marcelo Viana, diretor-geral do IMPA, as diferenças não configuram uma notícia ruim. 

“O estudo mostra, a partir de dados concretos e abrangentes, que temos uma estrada a percorrer para nos equipararmos às economias mais avançadas. Sobretudo, ele aponta os caminhos para ativarmos no Brasil, por meio de investimentos estratégicos em educação, o imenso potencial da matemática para gerar riqueza e desenvolvimento. O Brasil é um país que tem uma expertise matemática bem comprovada e esses números mostram que se transferirmos a expertise matemática da academia para o setor produtivo, para a economia, preenchemos esse espaço e passamos, quem sabe, de 4,6% para os 18% no PIB. O que estamos vendo aqui é a oportunidade de realizarmos mudanças estruturais.” 

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O estudo mostrou ainda outra diferença importante entre os mercados nacional e  europeu: os tipos de ocupação. No Brasil, os trabalhos relacionados à matemática estão mais concentrados nas áreas de serviços administrativos e de tecnologia da informação, enquanto o estrangeiro está voltado para à inovação e desenvolvimento tecnológico. 

Salários superam média nacional 

O estudo “Contribuição da Matemática para a economia brasileira” analisou ainda a média de salários pagos aos profissionais da área. Segundo o documento, tais ocupações oferecem salários 119% maiores que a média dos demais trabalhadores – R$ 3.520. O valor médio das demais profissões pesquisadas foi de R$ 1.607, no terceiro trimestre do ano passado. As rendas mais elevadas podem ser justificadas pelo alto grau de escolarização que essas profissões exigem. 

Também foi observado que as profissões relacionadas à disciplina se beneficiam da predominância de contratos de trabalho formais – 84% dos profissionais se enquadram no regime enquanto a média nacional do mercado é de 67%, conforme dados da PNADC (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), do terceiro trimestre de 2023. Além disso, o setor reúne empregos mais resilientes e capazes de superar momentos de crise – durante a pandemia de covid-19, os trabalhos intensivos em matemática tiveram queda de 6,8%, enquanto as demais ocupações mostraram retração de 13,1%. 

Para a superintendente do Itaú Social, Patrícia Mota Guedes, “o levantamento traz dados concretos para sensibilizar cada vez mais o poder público, setor produtivo e sociedade de forma ampla sobre a relevância da matemática para o desenvolvimento de um país. Os dados mostram o quanto perdemos, enquanto sociedade, se naturalizamos o baixo desempenho de nossos estudantes na matemática, e se mantemos a crença de que a matemática é apenas para  poucos. O estudo reforça como podemos também avançar na redução das desigualdades, na medida em que o país investir mais e melhor no ensino da matemática, com recursos e abordagens que desenvolvam confiança e competência nessa área de conhecimento para cada e todo estudante.”

Já Ya Jen Chang, presidente do Instituto Sidarta, destaca a necessidade de repensar o ensino da disciplina no país. “Temos uma matemática escolar que não dialoga com a matemática debatida pela primeira mesa [sobre mercado de trabalho]. Vocês lembram quantas fórmulas tivemos que decorar na vida escolar? Será que os alunos sabem aplicar isso na vida real?”, questiona. 

Demais análises

Outro importante ponto destacado é a análise por raça/cor. O documento mostra uma predominância de trabalhadores brancos nas profissões ligadas à matemática. No entanto, foi verificado que a proporção de pessoas negras (pretas e pardas), entre 2012 e 2023, aumentou ligeiramente de 33% para 36% na área. No quesito gênero também foi verificado que a participação das mulheres, no mesmo período, cresceu, porém de forma tímida: de 28% para 31%. 

O documento mostrou ainda a concentração de profissionais nas regiões Sudeste e Sul, com os estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Paraná abrigando mais da metade desses profissionais.

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