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Milton Jara, o físico chileno que ‘virou’ matemático brasileiro

O físico e matemático Milton Jara conheceu o IMPA em 1996, quando, aos 17 anos, participou do Programa de Verão. Então, o menino, chileno da capital Santiago, nem sequer sonhava em tornar-se pesquisador da instituição.

“Gostava de Matemática. Na escola, participava de atividades, como o Clube de Xadrez. Era atraído pela ciência em geral. Pensava em ser astrônomo, por exemplo, fazer Física”, lembra Milton, de 41 anos.

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A convite dos professores Domingo Almendras e Luis Arancibia, ele participou, aos 12 anos, de sua primeira olimpíada. Como foi bem, passou a disputar mais olimpíadas. O desempenho nas competições estudantis abriu um horizonte para o adolescente.

“Havia, no Chile, perspectivas para advogado, se o aluno era bom em Letras; médico, se era bom em Biologia; engenheiro, se era bom em Matemática. O sucesso nas olimpíadas me mostrou a possibilidade de fazer ciência, pesquisa. Não necessariamente Matemática. Uma vida científica em geral.”

O encanto pela ciência o fez optar pelo curso de Física na Universidade do Chile. Antes, ao final do Ensino Médio, participara da Olimpíada Ibero-americana de Matemática, o que lhe valeu a vinda ao Rio de Janeiro para o Programa de Verão do IMPA.

“Foi a minha primeira visita ao Brasil. Adorei. Fiquei dois meses. Firmei a ideia de seguir uma carreira acadêmica, ser cientista.” Após a formatura, Milton traçou a meta de fazer a pós-graduação em Física nos EUA. Ficaria no Chile ainda por um ano a fim de juntar dinheiro para custear a inscrição nas universidades americanas.

Milton chegou a fazer cursos de Matemática durante a faculdade. Certo dia lhe perguntaram o que faria após a graduação. “Expliquei meu plano. Dias depois um professor me chamou para dizer que o plano era ruim. ‘Você é bom aluno. Tem que fazer mestrado e doutorado, não tem que ficar no Chile, tem que sair imediatamente.’”.

Ele ouviu de professores que havia chance de fazer a pós-graduação, a partir dos contatos de pesquisadores chilenos, ou na Polytechnique de Paris ou no IMPA. “Como já conhecia o IMPA, sabia de sua reputação – além de perto de casa e de o Brasil ser um país legal -, decidi por ele.”

De 2000 a 2004, o físico chileno fez mestrado e doutorado no IMPA sob a orientação do hoje diretor-geral-adjunto, Claudio Landim. Depois, passou períodos no Current Institute, da Universidade de Nova York; na Universidade Rutgers, em Nova Jersey (EUA); na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica; e na Universidade Paris-Dauphine, na França.

Em 2010, Milton voltou ao IMPA, onde é pesquisador associado, com especialidade em Probabilidade. “Meu plano é ficar no IMPA. O trabalho que se faz aqui tem muito mais impacto do que em outro lugar, faz muita diferença no Brasil.”

Pesquisas sobre o conceito da universalidade são desenvolvidas por Milton no IMPA. “Um exemplo prático deste conceito é o fenômeno de ebulição, processo pelo qual um líquido ferve, passa ao estado gasoso quando esquentado.” 

O pesquisador destaca o fato de que a temperatura em que a água ferve “depende de vários fatores, como a quantidade de sal dissolvido na água ou a altura sobre o nível do mar”.

“No entanto, o fenômeno qualitativo de ebulição não depende destes fatores. É fácil reconhecer quando a água do chá está fervendo: bolhas começam a se formar no fundo da panela e vemos o vapor d’água saindo por cima. É um exemplo de universalidade: a temperatura em que a água ferve depende de muitos fatores, mas a forma na qual a água ferve é universal, não depende deles. A aparição desta universalidade não está restrita à água fervendo: a grande maioria de fenômenos físicos a apresentam. Na minha pesquisa, a ideia é descobrir como descrever quantitativamente estes fenômenos universais.”

O método de trabalho adotado por Milton consiste em propor modelos matemáticos que apresentem o fenômeno estudado e sejam simples para ser resolvidos de forma matematicamente rigorosa. “A principal ferramenta matemática para construir estes modelos é a teoria da probabilidade”, revela.

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